Da Anarquia à Sinarquia

Bases da Sinarquia

Uma sociedade pode-se definir como aquele grupo de seres humanos que optam por coexistir, estabelecendo regras que possibilitem o respeito e aceitação mútua. O que muda são as formas como estas sociedades se organizaram, no que diz respeito à sua condução, a liberdade, aos direitos e deveres de cada pessoa que escolhe ali permanecer.

As razões que norteiam esta aproximação (esta formação) é a similaridade de karma, e a tônica de uma sociedade (e de seus governantes) sempre é dada pelo conjunto dos estados de consciência daqueles que a compõem.

Quando ocorre uma não sintonia entre a tônica dos governantes e a dos governados, temos uma anarquia, uma desordem social(mesmo que, aparentemente, esta sociedade se mantenha).

Do ambiente sinárquico:

Um ambiente harmônico (em uma sociedade ou em um indivíduo) somente existirá se acontecer o equilíbrio entre o aspecto material e espiritual, permitindo que aquilo ao qual chamamos evolução, aconteça, em uma ambiência de paz e felicidade.

Como este equilíbrio poucas vezes foi alcançado nos últimos 10.000 anos (mesmo com as várias tentativas de restabelecê-lo) o que vemos hoje é um mundo, um ciclo, desgastado que padece de uma enfermidade chamada materialismo, a qual tem por seu principal sintoma a ignorância. Resultando em sociedades doentes e, por decorrência, indivíduos angustiados e inertes.

O nosso país, o Brasil, que vive uma democracia representativa presidencialista (aliás, um parlamentarismo oligárquico) não escapando das atribulações de fim de ciclo, chegando a um ponto em que as instituições encontram-se de tal forma desacreditadas, onde a ordem social se confunde de tal forma com desordem, onde a política deixou de visar o bem comum e só trata de interesses individuais, que só nos resta aplicar o conceito de “colheita perdida”.

E como colheita perdida, faz-se necessário revirar o solo, escolher sementes e começar do zero.

Há um termo mediocracia, que designa um governo de homens medíocres. Para mim, designa um governo de títeres, marionetes, de homens vazios, sem mente (amanasas), manipulados por terceiros ou escravos de seus próprios e ignóbeis desejos, o que os torna incapazes de dirigirem com ética as suas próprias vidas (e muito menos ainda, capazes de dirigirem os destinos de um povo).

Em uma mediocracia, o povo atônito escolhe como representantes aqueles que mais se pareçam com o que assistem, perpetuando um estado de caos.

Que temos que reconstruir nosso país, é óbvio. Mas também é óbvio que não há uma fórmula mágica, não há como virar uma chave e trocar o governo, dar credibilidade às instituições, refazer o tecido institucional.

É preciso tomar conta do timão (alias, governante do latin gubernare, do grego Kibernao, significa timoneiro), é preciso começar de alguma forma, mas começar HOJE!

Da construção da Sinarquia no Brasil:

Como agiremos: em um sistema sinárquico, quem detém a autoridade é o povo, e é o povo que concede o poder a servidores para o exerçam, por tempo determinado, para o povo, e em nome do povo. Só que, em um regime sinárquico, acima dos três poderes, há um colegiado, um poder moderador, composto por cidadãos preparados para tal, mas de maneira natural.

A Sinarquia começa pelos municípios. Como exemplo, apensa para começarmos, alguns aspectos da ação na Linha da Política:

Prioridade absoluta na aplicação dos recursos municipais na saúde e educação. A realização faz-se através da educação. Toda a política educacional dos municípios será revista de imediato, desde a remuneração dos educadores até a construção de ambientes apropriados à educação, para todos, em todos os níveis;

Política não é negócio de família nem herança: independente de quem seja, para ser candidato passará pelo mesmo período de formação e testes, sendo recusado aquele que não se mostrar apto a servir à comunidade. E a aptidão não depende de formação acadêmica, nem de status social, nem de indicações, nem de família. É um processo de iniciação na política sinárquica;

Político não é casta, não detém poder algum a não ser aquele que a autoridade do povo lhe concedeu temporariamente. Nenhum privilégio advirá disto, a não ser a sensação de dever cumprido, por ter tido a oportunidade de trabalhar para a comunidade. Não haverá distinção de benefícios, nem planos de aposentadoria, etc. Será considerado um período normal de trabalho;

Política não é emprego nem negócio: a remuneração dos servidores do legislativo e do executivo serão equivalentes a dos profissionais de educação;

Serão formados conselhos por classes, por profissão ou por segmento, e dentro destes conselhos, aqueles que desejarem fazer parte do conselho do município, também passarão pelo mesmo processo de formação. Estes serão os conselhos terciários;

Da mesma forma, serão formados conselhos de representantes dos distritos ou bairros, e os que dele participarem receberão instrução e caso desejem, poderá o seu integrante fazer parte do conselho do município, desde que além de preparados, tenham sido aprovados para tal. Estes também serão chamados conselhos terciários.

Acima do executivo e legislativo municipal, existirá um Conselho Secundário, formado por um representante de cada Conselho Terciário (representantes dos conselhos dos bairros (distritos) e das atividades profissionais). OS membros dos conselhos Terciários que desejarem fazer parte do Conselho Secundário receberão formação específica para tal;

As atividades no conselho Terciário e Secundário não são remuneradas, reunindo-se quando houver demanda, observará e coordenará para que haja harmonia na administração.

A maior força, o maior poder que pode desenvolver um ser humano é decorrente da união da fraternidade e sabedoria, e se dirigido pela Vontade consciente, é um elemento transformador por excelência.

Isto é que é a verdadeira Sinarquia (nem a Sinarquia Grega, nem os governos conjuntos e nem mesmo a sinarquia de Saint-Yves): mas aquela sinarquia que antes de existir par todos, deverá ter acontecido dentro de cada um.

Assim, a sociedade passa a ter uma organização que expresse o equilíbrio, permitindo a Paz, a Liberdade, a Democracia:

J.Oro – SBE